Escrito por:
Tiago Vieira
Uma reflexão sobre o momento atual do nosso planeta.
Em pleno 2021, momento em que o mundo ainda se encontra do avesso, falar em preservação ambiental soaria um tanto irresponsável se não considerássemos toda a degradação (in)consciente que nos trouxe até aqui.
Quando comecei a rascunhar este texto, as redes sociais comemoravam o #DiaDaTerra com posts e frases de efeito sobre desmatamento, mudanças climáticas, aquecimento global, consumo e lixo em excesso… Vivemos um momento de extrema efemeridade digital, em que causas, bandeiras e notas de repúdio se sobrepõem umas às outras disputando espaço nos holofotes da mídia virtual, tirando a profundidade dos temas importantes e esvaziando o sentido desse ativismo que não dura mais do que 24h.
É preciso lembrar que há uma cultura que sustenta as crenças que nos conduziram para o desastre. Portanto cabe refletir sobre qual o valor e o peso das nossas ações para enfrentar os dilemas dessa nova fase. Ou melhor, qual o significado de uma conduta “sustentável” daqui pra frente?
Há pouco mais de dois anos, em março de 2019, a Assembleia Geral da ONU declarou os próximos dez anos como sendo a Década de Restauração de Ecossistemas 2021–2030. Um apelo global à ação, reunindo apoio político, pesquisa científica e força financeira para ampliar massivamente a restauração de ecossistemas degradados.
Uma pesquisa publicada na revista científica Nature mostrou que restaurar 30% das áreas degradadas do planeta pode salvar 71% das espécies em extinção. O esforço resultaria também em retirar 466 bilhões de toneladas de gás carbônico da Terra – o equivalente a 49% de todo o CO2 acumulado desde a Revolução Industrial, iniciada no século 18.
O Brasil, que tem como meta junto ao acordo de Paris restaurar 12 milhões de hectares de áreas desmatadas até 2030, só restaurou 0,55% deste total até o momento. É neste cenário que as iniciativas de parcerias público-privadas podem ajudar a avançar este objetivo. Ao criar uma cadeia produtiva consciente, incluindo coleta de sementes, plantação de mudas nativas e ornamentais em centros urbanos, ampliação e manutenção das áreas verdes nas cidades, estaremos contribuindo para dinamizar e movimentar economias locais, gerando renda, desenvolvimento e valorização.
Chegou o momento de virar a chave e pensar de forma mais ativa, afetiva e efetiva. Como bem disse o naturalista britânico Sir David Attenborough, “para restaurar a estabilidade do nosso planeta, devemos restaurar sua biodiversidade, devolver exatamente o que removemos. É a única maneira de sair desta crise que criamos – devemos redesenhar o mundo.”
Nosso planeta já passou do ponto de preservação. Afinal, preservar algo que já se encontra devastado não é algo saudável. Portanto, neste momento precisamos restaurar e restabelecer um ecossistema sustentável para que o futuro seja possível.